História do Kefir
Estima-se que o Kefir tenha começado a ser consumido por seres humanos há cerca de 4.000 anos. Nesse período, o seu uso era feito em segredo por povos da região do Cáucaso, região montanhosa entre os mares Negro e Cáspio. Esses povos temiam que os seus inimigos tivessem acesso aos benefícios do Kefir ou que o Kefir perdesse as suas propriedades benéficas, portanto, esconderam durante cerca de quatro mil anos o segredo de produzir Kefir.
Os povos caucasianos consomem Kefir desde que nascem, por isso são conhecidos pela sua longevidade, atingindo em média 110 anos de idade.
O restante da humanidade começou a ter contacto com o Kefir apenas há cerca de um século atrás.
O que é o Kefir
O Kefir é uma colónia de microrganismos simbióticos, imersa numa matriz composta de polissacarídeos e proteínas. Originário do Cáucaso é formado por lactobacilos e leveduras aptas a fermentar diversos substratos – sendo o leite (caprino ou bovino), historicamente, o mais comum deles.
O metabolismo da colónia de microorganismos consome a lactose e reduze-a a caseína, albumina e outras proteínas e aos aminoácidos que as constituem, além de sintetizar o ácido láctico, a lactase e outras enzimas que ajudam a digerir a lactose restante depois da bebida ingerida. Ainda modificam os sais de cálcio para formas mais facilmente absorvidas pelo organismo humano.
O preparado pode ser feito com leite de soja, vaca, cabra, ovelha, búfala, égua e até de camela. Diferentemente do iogurte que é fermentado apenas por lactobacilos, o Kefir exige temperaturas mais baixas e é fermentado por trinta e sete tipos diferentes de microorganismos na sua colónia, incluindo as leveduras (utilizadas na preparação de diversos outros produtos, como: o pão, a cerveja, o vinagre, o queijo, o vinho, a chucrute etc).
O Kefir é o produto cuja fermentação se realiza com cultivos acidolácticos elaborados com os grãos de Kefir, Lactobacillus kefir, espécies dos géneros Leuconostoc, Lactococcus e Acetobacter com produção de ácido láctico, etanol e dióxido de carbono. Os grãos de Kefir são constituídos por leveduras fermentadoras de lactose (Kluyveromyces marxianus) e leveduras não fermentadoras de lactose (Saccharomyces omnisporus, Saccharomyces cerevisiae e Saccharomyces exiguus), Lactobacillus casei, Bifidobaterium sp e Streptococcus salivarius subsp thermophilus.
Os grãos de Kefir multiplicam-se conforme vão sendo cultivados, quanto maior a temperatura mais activos ficam e por conseguinte, aumentam mais rapidamente o seu tamanho. Por esse motivo são tradicionalmente doados e as orientações para o seu cultivo são transmitidas oralmente.
O Kefir pode ser misturado com frutas, mel e/ou cereais e utilizado no preparo de receitas que tradicionalmente levam leite ou iogurte. Deve-se utilizar no seu manuseamento instrumentos não metálicos, dada a possível reacção do ácido da fermentação com os metais, mantendo-o em locais com pouca luz e de temperatura exterior o mais constante possível - 15.°C até 40.°C - quanto maior a temperatura mais rápida será a fermentação, abaixo dos 10.°C o Kefir entra no estado de hibernação, por isso, se tiver um período sem ser utilizado pode ser conservado no frigorífico.
O efeito probiótico do Kefir
O Kefir tem eficácia comprovada na limpeza da membrana intestinal, trazendo grande alívio para muitos sintomas que confundem os diagnósticos médicos. Rico em vitamina D e em cálcio na forma de sais que são mais facilmente absorvidos que o cálcio contido no leite não fermentado.
O maior mérito do Kefir está na alta qualidade e quantidade de aminoácidos e na eliminação de microorganismos patogénicos da flora intestinal.
A bebida de Kefir deriva do leite fermentado pelos grãos de Kefir durante algumas horas. Os grãos de Kefir também podem ser ingeridos mas é mais usual serem preservados para a produção de mais Kefir.
O Kefir pode ser refrigerado para consumo, mas não pode ser congelado ou submetido a temperaturas abaixo de 0°C porque perde os microorganismos que o compõem.
Composição do Kefir:
O grão de Kefir é um agrupamento gelatinoso polissacarídeo que contem vários microorganismos em simbiose e a sua complexidade ainda não foi completamente decifrada pela ciência.
Basicamente o Kefir contém:
- 8 leveduras, 2 bactérias acéticas,
- Cerca de 16 lactobacilos, cerca de 9 streptococci / lactococci,
- Ácido fólico, ácido pantotécnico,
- Biotina (vitamina B),
- Cálcio, carboidratos,
- Fósforo, gordura, lactase, magnésio,
- Niacina (vitamina B3),
- Potássio, proteínas,
- Pyridoxina (vitamina B6),
- Triptofano, vários outros aminoácidos benéficos,
- Vitamina B12 e
- Vitamina K.
Benefícios para a Saúde:
O uso do Kefir como alimento pode trazer benefícios e auxílio no combate a problemas como:
- Asma, acne, problemas renais, acidez estomacal, problemas circulatórios, colesterol,
- Reumatismo, osteoporose, hepatite, bronquite, catarro, tuberculose,
- Descontrolo da produção de bílis, alergias, enxaqueca,
- Úlceras, problemas digestivos, colites, bactérias hostis, prisão de ventre, diarreia,
- Candidíase,
- Ansiedade, diversos eczemas, tensão arterial,
- Regulador da glicose (diabetes),
- Retardador do processo de envelhecimento,
- Possui Kefiran um antioxidante, anticancerígeno,
- Beneficia o coração, pâncreas, rins, próstata, fígado, músculos, cabelo, pele,
- Incrementa o valor biológico das proteínas do leite,
- As proteínas do Kefir são parcialmente digeridas e, assim, mais facilmente utilizadas pelo organismo. O triptofano, um dos aminoácidos essenciais abundantes no Kefir, é conhecido pelo seu efeito relaxante do sistema nervoso.
- Sintetiza ácido láctico, o que diminui a intolerância a lactose e favorece a digestibilidade do leite mesmo para pessoas que sejam sensíveis ao leite de vaca
- Sintetiza vitaminas do complexo B,
- Aumenta a resistência a infecções,
- Activa sistema imunológico e já foi usado com sucesso para ajudar pessoas que sofrem de sida, síndroma de fadiga crónica, cancro e herpes.
- Efeito tranquilizador do sistema nervoso beneficia muitas pessoas que sofrem de depressão, distúrbios do sono, entre outras.
- Restabelece e equilibra a flora intestinal, eliminando dos intestinos as bactérias e leveduras prejudiciais, e aumenta a população bacteriana benéfica e protectora.
- Regulador da flora intestinal, podendo ser usado tanto em casos de obstipação ou de diarreia, reduz a flatulência e melhora de uma forma geral todo o sistema digestivo.
O efeito de “limpeza” que exerce em todo o corpo, ajuda a estabelecer o equilíbrio do ecossistema interno, permitindo uma óptima saúde e aumento da longevidade.
- Diminui o risco de cancro, principalmente de cólon
- Diminui a fracção do LDL colesterol
Estudos realizados em ratos no Japão revelaram a acção anti- carcinogénica do Kefir; o Kefir foi administrado via oral e os resultados indicam diminuição do tamanho do tumor, induzindo a uma resposta auto imune nos ratos.
Instruções para o preparo do Kefir
1 – Deitar ¾ de leite (não fervido) num frasco de boca larga de l litro com tampa hermética (1/4 do espaço é reservado para o ar),
2 – Colocar 150grs. de grãos Kefir no seu interior a flutuar no leite,
3 – Deixá-lo em repouso 24 horas e coar em seguida por um coador o leite “Kefirado”. Está pronto para ser utilizado. O creme pode ir para o frigorífico, por 1 ou 2 dias,
4 – Voltar a colocar os gãos de Kefir no mesmo frasco depois de lavado e deitar, novamente, a mesma quantidade de leite. Nunca deixar os grãos de Kefir mais de 48 horas no mesmo leite,
5 – No Verão, deve lavar os grão de Kefir uma vez por semana com água tépida (morna), no Inverno pode fazê-lo de 15 em 15 dias, nunca use água fria,
6 – No Verão deve colocar o frasco num lugar fresco e no Inverno deve resguardá-lo do frio.
- O Kefir deve ser tomado de manhã e à noite diariamente e pode substituir uma refeição pois é muito nutritivo.
http://divulga-se.info/wp-content/uploads/Kefir6.jpg
Cuidados a ter com o Kefir:
- Não usar coadores nem outros utensílios metálicos.
- Guarda-lo num frasco hermético, ao abrigo da luz, e sempre alimentado com leite.
- Coar a cada 24 horas, caso contrário, a fermentação é mais prolongada e o sabor fica mais forte.
- Evitar enxaguar com água da torneira (devido aos desinfectantes) e fazê-lo somente uma vez por semana, para lavá-lo delicadamente.
- Ter as mãos e os recipientes limpos ao lidar com o Kefir.
- Não espremer ou apertar os grãos de Kefir.
Perguntas frequentes
O Kefir é azedo?
- O Kefir pode ficar azedo ou ácido. Quanto maior for o tempo de fermentação, mais azedo será o Kefir. A temperatura ambiente e a proporção de grãos para o leite também influencia a fermentação.
Os grãos de Kefir largam uma "gosma" branca?
A "gosma" branca que sai dos grãos de Kefir quando é coado chama-se Kefiran que é um poderoso antioxidante.
Qual a temperatura e o tempo ideal para cultivar o Kefir?
O Kefir deve ficar em temperatura ambiente entre (10 a 40 graus), sendo que a temperatura ideal para o produzir é em torno de 20 a 37 graus por um tempo de fermentação que pode variar de algumas horas até três dias caso a temperatura ambiente seja inferior a 22°C.
Embora o tempo de fermentação recomendado seja de até 3 dias, por medida de precaução não se recomenda o consumo do Kefir acima de 36 horas de fermentação em temperaturas acima dos 20°C.
O Kefir depois de fermentado pode manter-se em boas condições para consumo se conservado no frigorífico por até cerca de 3 dias. Se for feito queijo de Kefir o tempo de conservação poderá ser maior.
Caso a fermentação exceda as 36 horas deve-se coar os grãos de Kefir e descartar o seu líquido, adicionando novo leite aos grãos para que o processo de cultivo seja retomado, se os grãos estiverem em boas condições
A proporção ideal para seguir estes tempos é:
Uma colher de sopa de grãos de Kefir para cada meio litro de leite.
Como ser deve consumir o Kefir?
A bebida de Kefir deve ser ingerida sem os grãos. Se desejar, também pode comer os grãos
A aparência o Kefir é semelhante á coalhada ou ao iogurte (mas apenas na aparência) e pode ser misturado com frutas e cereais.
Como cultivar o Kefir?
Para produzir o Kefir de leite usa-se apenas:
- Grãos de Kefir e leite
Os ingredientes devem ser colocados num frasco de vidro.
A proporção de grãos para o leite é, em média, de uma colher de sopa de grãos de Kefir para cada meio litro de leite. Se utilizar uma maior quantidade de grãos, proporcionalmente a fermentação deverá ser mais rápida, assim o leite deve ser substituído num menor período de tempo.
O tempo de fermentação numa temperatura média de 20°C (vinte graus centígrados) é o seguinte:
- Para obter um Kefir mais suave a fermentação deve ser mínima (cerca de 6 horas e em dias mais frios pode demorar mais tempo). Quando o leite começar a ficar mais denso (engrossar), retiram-se os grãos com o coador e pode-se consumir o líquido coado.
O Kefir mais ácido pode ser obtido em até três dias de fermentação.
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5 de agosto de 2013
30 de julho de 2013
Os micróbios do parto natural previnem algumas doenças alérgicas
Cientistas constataram que as pessoas que nascem por cesariana têm maiores probabilidades de ser sensíveis ao pó e aos animais de estimação.
“Mamã, de onde vêm as alergias?”
Esta foi a pergunta que chamou a minha atenção, feita por um menino de uma mesa perto da minha. A sua mãe, obviamente uma perita em lidar com as curiosidades apresentadas por um menino pequeno, disse: “Das flores, ervas e dos alimentos como os amendoins”.
O menino continuou a comer, aparentemente satisfeito com a resposta. Mas eu não estava.
Os cientistas sabem o que ocasiona as alergias. Quando as partículas de pólen, os pelos dos animais domésticos ou certos tipos de alimentos entram no nosso organismo, chama-se-lhes antígenos. Segundo a Academia para as Alergias, Asma e Imunologia dos Estados Unidos, se o seu organismo for sensível a essa partícula, confunde-a com um invasor malino. A partícula torna-se então no que chamamos um alérgeno, (ainda que ser sensível á substancia não signifique que se desenvolva uma alergia).
Os alérgenos fazem com que o seu corpo produza imunoglobulina E (IgE), isto é, anticorpos. Os anticorpos E destroem os invasores perigosos. Desafortunadamente, os anticorpos também libertam histaminas e outras substâncias químicas que podem desencadear uma reacção alérgica.
Mas, o que faz com que uma pessoa seja sensível a estes antígenos aleatórios que pairam no ar, enquanto que outras pessoas levam a vida toda com os olhos secos e os seios nasais limpos?
Os cientistas não têm a certeza, mas têm algumas ideias.
A médica Christine Cole Johnson estudou as alergias desde os princípios da década de 1980. A sua equipa de investigadores do Hospital Henry Ford foi a primeira a demonstrar que ter um animal de estimação em casa durante o primeiro ano de vida do seu filho pode prevenir o desenvolvimento de alergias, descoberta que se confirmou também noutros estudos.
As suas investigações mais recentes indicam que o desenvolvimento das alergias começa antes disso.
Johnson analisou os dados de um grupo de mais de 1,200 de recém-nascidos em Michigan entre 2003 e 2007; os investigadores avaliaram-nos quando tinham um mês, seis meses, um ano e dois anos de idade.
Descobriram que os bebés nascidos por cesariana têm seis vezes mais probabilidades de serem sensíveis aos ácaros do pó que os bebés que nasceram de forma natural. A investigadora também encontrou resultados similares na exposição a alérgenos como os pelos de gato e de cão.
Os bebés que nasceram por cesariana têm um microbioma diferente no seu trato gastrointestinal, disse Johnson. Um microbioma é a palavra que os cientistas usam para descrever as colónias de bactérias que vivem nos humanos, seja na boca, na pele ou no sistema digestivo.
“É bastante surpreendente. Nos seres humanos, as células bacterianas superam em número as células humanas numa proporção de 10 para 1”, disse Johnson. “Essas bactérias são importantes, não poderíamos existir sem elas”.
No ventre materno, os bebés são estéreis, explicou Johnson. Quando passam pelo canal de parto, expõem-se á população de bactérias dos microbiomas vaginais e gastrointestinais da sua mãe. Através desta exposição, os seus próprios sistemas imunitários aprendem a diferenciar entre as bactérias boas e más, quais combater e quais usar.
Os bebés que nascem por cesariana têm bactérias intestinais que se assemelham mais ao microbioma cutâneo da sua mãe, disse Johnson. Tarde ou cedo as suas bactérias digestivas normalizam-se, mas esse atraso pode permitir que a exposição aos alérgenos se converta em sensibilidade.
Claro que essa é só uma possível causa das alergias, ou uma causa possível entre muitas outras.
O colega de Johnson, Haejin Kim, alergologista em Henry Ford, está a investigar o papel que joga a genética.
Num estudo mais recente de Kim descobriu-se que as crianças afroamericanas são três vezes mais sensíveis á comida que as crianças caucasianas. Também se determinou que uma criança afroamericana de um pai alérgico tem o dobro das probabilidades de ser sensível a um alérgeno ambiental que uma criança afroamericana cujos pais não sejam alérgicos.
Kim disse que os seus resultados não mudavam consoante o sexo ou a ordem de nascimento da criança.
“Isto indica que (as alergias) podiam ser genéticas”, disse Kim, algo que os cientistas sempre suspeitaram.
No entanto, não se trata de uma doença genética 100% herdada. “Não existe um gene para as alergias ou a asma. Provavelmente trata-se de uma combinação de vários genes que de alguma forma interactuam com o ambiente”.
Jonathan Silverberg, dermatólogo do Centro Médico St. Luke-Roosevelt em Nova York, analisou recentemente os dados de mais de 91,000 crianças para determinar se as crianças nascidas fora dos Estados Unidos teriam as mesmas probabilidades de desenvolver alergias que as crianças nascidas nos Estados Unidos.
Descobriu que as crianças nascidas fora dos EUA, mas residentes nos EUA, tinham a metade do risco de desenvolver alergias comparativamente com as crianças nascidas nos Estados Unidos. Este dado correspondia a todas as classes de alergias, incluindo as alimentícias, ainda que a asma tenha tido maior prevalência.
Silverberg e os seus colegas iniciaram o estudo logo que se deram conta que as crianças, suas pacientes, nascidas no estrangeiro desenvolviam alergias numa idade mais avançada. Descobriram que as crianças nascidas no estrangeiro que tinham vivido durante mais de 10 anos nos Estados Unidos apresentavam maior incidência de alergias que as crianças que só tinham estado um par de anos no país.
Os cientistas sabem que a exposição ambiental é um factor importante nas doenças alérgicas; não se pode desenvolver sensibilidade a algo ao qual nunca se foi exposto. No entanto, anteriormente os investigadores haviam-se concentrado nos alérgenos do ar como o pólen e não noutras exposições ambientais, disse Silverberg. Esses outros factores podiam estar relacionados com as infecções específicas referentes ao clima, á dieta ou á localização geográfica da criança.
“O que este estudo demonstra é que há algo ao que nos expomos nos Estados Unidos que não existe noutros países e, ao que parece, ocasiona que as pessoas desenvolvam ou manifestem uma doença alérgica”, disse.
Até agora não se sabe qual é o factor que joga o papel dominante, se é que existe.
Silverberg disse que é difícil tirar conclusões práticas desta classe de estudos. No entanto, com o tempo descobriremos de onde provêem as alergias, o que nos podia ajudar a descobrir uma forma de preveni-las ou ao menos de trata-las mais eficazmente.
Então, quem sofrer de alergias poderá cheirar as flores, rebolar na relva e comer amendoins como os demais.
Fonte - Por Jacque Wilson - CNN México
Traduzido por: divulga-se
“Mamã, de onde vêm as alergias?”
Esta foi a pergunta que chamou a minha atenção, feita por um menino de uma mesa perto da minha. A sua mãe, obviamente uma perita em lidar com as curiosidades apresentadas por um menino pequeno, disse: “Das flores, ervas e dos alimentos como os amendoins”.
O menino continuou a comer, aparentemente satisfeito com a resposta. Mas eu não estava.
Os cientistas sabem o que ocasiona as alergias. Quando as partículas de pólen, os pelos dos animais domésticos ou certos tipos de alimentos entram no nosso organismo, chama-se-lhes antígenos. Segundo a Academia para as Alergias, Asma e Imunologia dos Estados Unidos, se o seu organismo for sensível a essa partícula, confunde-a com um invasor malino. A partícula torna-se então no que chamamos um alérgeno, (ainda que ser sensível á substancia não signifique que se desenvolva uma alergia).
Os alérgenos fazem com que o seu corpo produza imunoglobulina E (IgE), isto é, anticorpos. Os anticorpos E destroem os invasores perigosos. Desafortunadamente, os anticorpos também libertam histaminas e outras substâncias químicas que podem desencadear uma reacção alérgica.
Mas, o que faz com que uma pessoa seja sensível a estes antígenos aleatórios que pairam no ar, enquanto que outras pessoas levam a vida toda com os olhos secos e os seios nasais limpos?
Os cientistas não têm a certeza, mas têm algumas ideias.
A médica Christine Cole Johnson estudou as alergias desde os princípios da década de 1980. A sua equipa de investigadores do Hospital Henry Ford foi a primeira a demonstrar que ter um animal de estimação em casa durante o primeiro ano de vida do seu filho pode prevenir o desenvolvimento de alergias, descoberta que se confirmou também noutros estudos.
As suas investigações mais recentes indicam que o desenvolvimento das alergias começa antes disso.
Johnson analisou os dados de um grupo de mais de 1,200 de recém-nascidos em Michigan entre 2003 e 2007; os investigadores avaliaram-nos quando tinham um mês, seis meses, um ano e dois anos de idade.
Descobriram que os bebés nascidos por cesariana têm seis vezes mais probabilidades de serem sensíveis aos ácaros do pó que os bebés que nasceram de forma natural. A investigadora também encontrou resultados similares na exposição a alérgenos como os pelos de gato e de cão.
Os bebés que nasceram por cesariana têm um microbioma diferente no seu trato gastrointestinal, disse Johnson. Um microbioma é a palavra que os cientistas usam para descrever as colónias de bactérias que vivem nos humanos, seja na boca, na pele ou no sistema digestivo.
“É bastante surpreendente. Nos seres humanos, as células bacterianas superam em número as células humanas numa proporção de 10 para 1”, disse Johnson. “Essas bactérias são importantes, não poderíamos existir sem elas”.
No ventre materno, os bebés são estéreis, explicou Johnson. Quando passam pelo canal de parto, expõem-se á população de bactérias dos microbiomas vaginais e gastrointestinais da sua mãe. Através desta exposição, os seus próprios sistemas imunitários aprendem a diferenciar entre as bactérias boas e más, quais combater e quais usar.
Os bebés que nascem por cesariana têm bactérias intestinais que se assemelham mais ao microbioma cutâneo da sua mãe, disse Johnson. Tarde ou cedo as suas bactérias digestivas normalizam-se, mas esse atraso pode permitir que a exposição aos alérgenos se converta em sensibilidade.
Claro que essa é só uma possível causa das alergias, ou uma causa possível entre muitas outras.
O colega de Johnson, Haejin Kim, alergologista em Henry Ford, está a investigar o papel que joga a genética.
Num estudo mais recente de Kim descobriu-se que as crianças afroamericanas são três vezes mais sensíveis á comida que as crianças caucasianas. Também se determinou que uma criança afroamericana de um pai alérgico tem o dobro das probabilidades de ser sensível a um alérgeno ambiental que uma criança afroamericana cujos pais não sejam alérgicos.
Kim disse que os seus resultados não mudavam consoante o sexo ou a ordem de nascimento da criança.
“Isto indica que (as alergias) podiam ser genéticas”, disse Kim, algo que os cientistas sempre suspeitaram.
No entanto, não se trata de uma doença genética 100% herdada. “Não existe um gene para as alergias ou a asma. Provavelmente trata-se de uma combinação de vários genes que de alguma forma interactuam com o ambiente”.
Jonathan Silverberg, dermatólogo do Centro Médico St. Luke-Roosevelt em Nova York, analisou recentemente os dados de mais de 91,000 crianças para determinar se as crianças nascidas fora dos Estados Unidos teriam as mesmas probabilidades de desenvolver alergias que as crianças nascidas nos Estados Unidos.
Descobriu que as crianças nascidas fora dos EUA, mas residentes nos EUA, tinham a metade do risco de desenvolver alergias comparativamente com as crianças nascidas nos Estados Unidos. Este dado correspondia a todas as classes de alergias, incluindo as alimentícias, ainda que a asma tenha tido maior prevalência.
Silverberg e os seus colegas iniciaram o estudo logo que se deram conta que as crianças, suas pacientes, nascidas no estrangeiro desenvolviam alergias numa idade mais avançada. Descobriram que as crianças nascidas no estrangeiro que tinham vivido durante mais de 10 anos nos Estados Unidos apresentavam maior incidência de alergias que as crianças que só tinham estado um par de anos no país.
Os cientistas sabem que a exposição ambiental é um factor importante nas doenças alérgicas; não se pode desenvolver sensibilidade a algo ao qual nunca se foi exposto. No entanto, anteriormente os investigadores haviam-se concentrado nos alérgenos do ar como o pólen e não noutras exposições ambientais, disse Silverberg. Esses outros factores podiam estar relacionados com as infecções específicas referentes ao clima, á dieta ou á localização geográfica da criança.
“O que este estudo demonstra é que há algo ao que nos expomos nos Estados Unidos que não existe noutros países e, ao que parece, ocasiona que as pessoas desenvolvam ou manifestem uma doença alérgica”, disse.
Até agora não se sabe qual é o factor que joga o papel dominante, se é que existe.
Silverberg disse que é difícil tirar conclusões práticas desta classe de estudos. No entanto, com o tempo descobriremos de onde provêem as alergias, o que nos podia ajudar a descobrir uma forma de preveni-las ou ao menos de trata-las mais eficazmente.
Então, quem sofrer de alergias poderá cheirar as flores, rebolar na relva e comer amendoins como os demais.
Fonte - Por Jacque Wilson - CNN México
Traduzido por: divulga-se
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